domingo, 28 de março de 2010

Não é porque dói que não é bonito. Nem que é mais ou menos sentido. Não é porque a dor é diferente que ela é maior ou menor. Só dói. E dói em ambos os lados, eu sei. Mas eu só sei da minha dor. E ela está aqui, doendo, doendo, doendo... E não pára. E não me deixa esquecer. Nem do quanto fui feliz, nem do quanto fui idiota, nem do quanto foi bom e ruim ao mesmo tempo. Mas foi vida. E vida não se esquece, não se apaga. Se vive. E dói. Ô, se dói. Mas também queima, arde, brilha de alegria e paixão, enche de felicidade e você, tem hora, parece que não vai aguentar. Mas aguenta. O doce e o amargo. A vida. Você aguenta. Só Deus sabe a que custo, a que preço, mas tá aí. E você aguenta. Mas eu não quero mais aguentar. Quero só viver... e pronto. Me ensina? Como você faz? Tem cartilha? Onde você comprou essa capa? Será que eu fico bem de capa? Porque a sua fica muito bem em você... Olha, eu quero te emprestar meus óculos. Você aceita? Será que você ficaria bem com eles? Não é por nada não, mas acho que ficaria melhor do que a capa... Depende do gosto de cada um. Depende do gosto que você quer que a sua vida tenha.

Dia primeiro

(quero voltar a ter esses olhos...)

Hoje o sol voltou a brilhar e eu acordei com o peito querendo florescer. Depois de muito, muito tempo em terra árida, seca, vazia e estéril... E sinceramente, eu não sei por que. Sei que a vida esta brotando novamente em mim; é mais um ano que começa, mais um momento de esperanças renovadas, mais uma vez... recomeçar. De onde, pra onde, não sei. Mas é um recomeço. Talvez pra dentro ao invés do de sempre, sempre pra fora. Talvez a força de Deus agindo na minha vida, como sempre agiu, mas só agora eu consigo ver sua ação... Acho que as lentes cinzas secaram e caíram. Um mundo colorido amanheceu hoje diante de mim. Mesmo com dor de estômago, mesmo com sinusite, mesmo com dor no peito ele floresce, algo brotou hoje no chão duro e seco da minha alma e esse algo é bom. Não sou Clarice, não sou Hesse. A vida é dura, é difícil sim, mas é linda também. Acho que basta levantar assim... e viver. Simples como acordar e dormir, como comer, ir ao banheiro, sorrir, chorar. Simples. A complexidade é a gente que dá às coisas, assim como a naturalidade. A gente vive, sim. A gente sobrevive. Mesmo à pior chuva, mesmo ao pior fracasso, à maior vergonha, a gente vive. E a noite pode custar a passar, mas uma hora ela vira dia. Todos os meus dias primeiro eram sempre dias de tristeza e escuridão. Esse é o meu primeiro dia primeiro feliz. O primeiro de muitos.