terça-feira, 15 de maio de 2012

Somebody that I used to know

Tem uns dois dias que uma música não me sai da cabeça por sua causa. A letra e o clipe, principalmente, me seduziram da forma familiar como tudo relacionado à nós dois me seduz. Um homem de corpo nu é pintado como um mosaico, uma obra de arte cubista ou algo do gênero, pouco a pouco, enquanto começa a música. Enquanto ele canta, vai sendo pintado até "fazer parte" do fundo, como se fossem fundo e homem uma única coisa. Parte da mesma coisa. E ele canta primeiro em voz baixa, narrando como parecia possível ser feliz ao lado de alguém específico a quem ele se refere, mas que o tempo foi mostrando o exato contrário. Nisso, o que era baixo torna-se grito, mais um lamento dolorido, de quem ainda está ferido por algo que nem era para ferir tanto assim, já que não passa de uma tristeza com a qual, ele diz, você acaba se acostumando. Assim que ele se cala, a câmera se distancia e uma mulher aparece de costas, já pintada como parte também do mesmo cenário. Ela se vira para o homem e começa também a cantar, em tom baixo, talvez a sua versão dos fatos, que com o tempo torna-se também um quase-choro meio gritado. Sabe como são as mulheres... E aí o homem torna a gritar de volta o seu mesmo lamento, dizendo outra vez que ela não precisava ser tão rude e mandar os amigos recolherem seus discos e mudar de telefone. Que ele nem precisa do amor dela, já que ela hoje é só alguém que ele costumava conhecer... A mulher cala, volta-se pra frente, como se aceitasse, e a tinta começa a sumir do seu corpo. Então ela destaca completamente daquele fundo; já não é parte mais daquilo tudo. E humildemente, derrotada, retira-se da cena, em que permanece o homem plenamente integrado ao seu cenário.

É uma sensação estranha essa de outras bocas e vozes cantarem a sua vida. É mesmo um desaforo, na minha opinião. Transformam em arte todo o seu desatino e você reflete sobre o quanto esse desatino também é parte da vida de outras pessoas. Eu chego a ficar sem graça quando eu passo por isso, como se estivesse tão nua quanto nesse clipe. Dá um pavor absoluto de que todos saibam o quanto aquilo é você e a sua história, ao mesmo tempo em que em algum lugar sente-se um certo alívio em poder usar essa exposição como uma espécie de licença poética pra poder cantar, se arrepiar, gritar e chorar a sua vida sem que ninguém te julgue (muito) por isso. Bom, e assim a gente consegue ir vivendo e esquecendo, e lembrando e vivendo, e novamente esquecendo, mantendo só os detalhes que interessam na memória pra poder ir fazendo outras coisas ao invés de só sofrer.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=8UVNT4wvIGY

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Tem hora que dói tanto, mas tanto, mas tanto... Que eu choro, enfraqueço, que eu penso que nem vou aguentar, quero morrer ou correr pra você, virar minha vida pelo avesso, ser tudo que eu não fui, dizer tudo que eu não disse e aí... quando muda de música, passa.