quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sai, tatuagem...

Olha... Eu tento. E te digo que tenho tentado como nunca, mas você não sai de mim. Sai, ok... Sai aos poucos e lentamente, como um farelo, um grão de areia de cada vez dessa alma enorme de mamute que eu tenho. Mas fica; um borrão, cada dia mais esfumaçado e estranho pra mim, mas fica. E eu quero que não fique mais. Quero que você vá. É como ouvi naquele curso que eu fiz: deixe ir... deixe ir... Eu quero deixar mas não vai, sabe... E eu não sei como fazer porque da minha alma de mamute você ocupa quase todo o espaço... e pesa ela nem sei como... de uma forma que não há como eu arrastar isso por muito tempo, entende? Tá pesado demais, eu tô com os braços exaustos de te segurar sem querer, com os pés cansados da mesma posição e com o coração de chumbo pra poder seguir adiante... E tem gente aqui pra entrar, já tinha gente lá quando você chegou e você acabou tomando todo o espaço com essa sua beleza! Ah, que beleza essa... Onde é que ela foi parar? O que houve com você? Com aquele você que eu conheci e amei? É só o borrão agora? Perguntas e mais perguntas, como em quase todo texto meu. E elas sempre são pra você ou por você, maldito. Eu quero esquecer, eu quero... eu tento... SOME DAQUI, INFERNO!!! Eu berro... mas você não sai, essa mancha na minha vida e na minha alma de mamute... É igual tatuagem de muito tempo... Toma sol, desbota, engorda, estica, emagrece, murcha, mas tá ali... quer tirar de todo jeito, até com a porra do laser mas o maldito resquício tá ali. Onde era preto se torna branco, mas o cacete do desenho não vai sair. Você sempre vai carregar aquela marca e vai saber do que se trata. Vai se lembrar de quando resolveu fazer, do significado que aquilo tinha pra você, da dor do fazer, do prazer de ver pronta, da cicatrização e da dor do pós-fazer, de ficar ótimo, do tempo ir passando e ela ir ficando ali, ficando e ficando, do sentido inicial você se lembrar bem mas não sentir mais igual e ainda sim gostar dela, de ir perdendo o sentido, de se sentir uma idiota, de já não se lembrar mais por que diabos resolveu colocar aquilo ali, de ter vontade de arrancar com a unha aquela merda, de se conformar que ela tá ali porque fez parte da sua vida e de um momento importante pra você, de ir mais uma vez deixando e deixando ela ali, até que se toma coragem de tirar com um laser ou cobrir com outra e de repente você perceber que nenhuma das duas opções vai realmente tirá-la dali. E então... É assim que se vive com isso? Toda hora vai ter um espelho pra você ver e lembrar. E se não for o espelho, é alguém: você tem tatuagem? o que é isso? que linda? ah, eu não teria coragem, etc. E se não for alguém vai ser você a lembrar, sem espelho e sem o outro, de si mesmo. Porque aquilo ali é só seu e de mais ninguém e vai te pertencer até a morte.