quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Só dói.
- É para eu não me doer tanto!
- Você se dói?
- Eu me dôo o tempo todo
- Aonde?
- Dentro, não sei explicar."
Clarice Lispector, em A hora da estrela.
Véspera
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Reflexos de uma vida...
It don't matter, when you turn
Gonna survive, live and learn.
I've been thinking about you baby
By the light of dawn, and in my blues
Day and night, I been missing you
I've been thinking about you baby,
Almost makes me crazy,
Come and live with me
Either way, win or lose,
When you're born into trouble you live the blues
I've been thinking about you baby
See it almost makes me crazy child
Nothing's right if you ain't here
I'd give all that I have just to, keep you near
I wrote you a letter and tried to make it clear
That you just don't believe that, I'm sincere.
I've been thinking about you baby...
Plans and schemes, hopes and fears
Dreams i've denied for all these years
I've been thinking about you babe, living with me, well.....
I've been thinking about you baby, makes me wanna...child
Nothing's right, if you ain't here
I give all that I have just to keep you near
I wrote you a letter darlin', trying to make it clear
How much you just don't believe that I'm sincere.
Thinking about you baby, I want you near me...
domingo, 24 de outubro de 2010
Fiquei olhando os balões rosa e lilás, vi que pessoas se aproximavam do salão. Um garçom com uma bandeja, alguém com algo nos braços que parecia um presente (ou talvez fosse uma travessa com comida, um funcionário do buffet). Tocava uma música que eu não consegui identificar. Do lado do parquinho uma mulher dançava ao som daquela música, que eu incrivelmente continuei ouvindo sem saber qual era. Ela parecia estar dançando pra alguém, talvez uma das crianças da festa. Mais pessoas chegavam e eu larguei o livro. Precisava escrever e só poderia ser aqui.
Eu sei que sou uma pessoa de ficar pensando e remoendo o passado, mas engraçado que isso não é uma coisa que eu fico remoendo, nem me lembrando. Mas hoje eu lembrei. Fiquei grávida mais ou menos em abril e isso, pelos meus cálculos, me daria filhos sagitarianos ou capricornianos, que nasceriam em dezembro. Nesse ano eles estariam fazendo 2 anos. Nunca tinha parado pra pensar na carinha dos meus filhos que não tive. Engraçado que penso sempre em um menino e uma menina. Um menino com seus cilhos grandes e seus cabelos de cachinhos. Uma menininha emburradinha, mas encantadora (e modesta) como eu.
Pensei neles na festa de aniversário. Pensei neles pequenos, correndo pra lá e pra cá, perguntando coisas e fazendo gracinha pros convidados. Brincando com seus presentes (ou com o papel deles, caso fossem mais interessantes. eu adorava papéis de presente.), brincando no parquinho, subindo e descendo, no medo que isso me causaria e na possível felicidade que tudo isso poderia ter me causado também. E meu deu um vazio imenso que eu não vou conseguir explicar aqui em palavras.
É nessas horas assim que eu penso que sou louca. Que eu penso que nada faz sentido. Que nos poupamos de vida para não sofrer. Que nos antecipamos às coisas, que sofremos antes delas acontecerem e que fazemos de tudo para evitar o sofrimento. E mesmo assim, sofremos. Não há como evitar e a gente acha que tem o mínimo de controle sobre isso, mas não tem. Somos um bando de idiotas prepotentes diante da vida e do mundo, diante de coisas que não fazemos a mínima idéia do que significam e achamos que temos alguma pista. Vemos padrões em tudo. Vemos ordem onde só há caos. Vemos amor onde ele não existe e nem sabemos reconhecê-lo quando ele está estampado na nossa cara. Fugimos. Somos crianças assustadas que se tornam adultos assustados e velhos assustados. E morremos. Sem entender porra nenhuma do que tudo isso aqui significa.
Por que complicamos tanto as coisas? Por que pensamos tanto? Por que vivemos assim, desse modo estúpido e ainda sim achando que tudo está sob controle? E por que continuamos simplesmente vivendo, mesmo assim?
Estou oca por dentro agora. Ou sempre fui oca e não percebi. Ou percebi e tentei sempre preencher essa oquidão dentro de mim. Você provavelmente foi a minha maior tentativa.
Nesse momento eu penso que não quero filhos que não sejam seus. Eu não suportaria olhar pra uma criança e não te ver nela. Eu não quero que algo seja meu e que você não seja parte dele. É por isso que pra mim tem hora que é tão difícil viver.
Será que tudo faria mais sentido se a minha vida fosse ao seu lado? Porque toda vez que eu dormia e acordava e via você, eu realmente entendia que algo fazia sentido. Porque eu te amava e isso por si só me bastava, naquelas horas. Se eu pudesse voltar no tempo e pudesse guardar esse sentimento, seria esse que eu guardaria. E toda vez que eu me sentisse confusa, ou sozinha, ou insegura, eu abriria uma caixinha com isso e ficaria aliviada pra seguir em frente. Eu às vezes acordava de noite e olhava você dormindo. E isso me dava uma paz imensa (e muitas vezes raiva por não ter o sono maravilhoso que você tinha, ok.). Lembra que uma vez eu te escrevi enquanto você dormia?
"this night...
Meu lindo...
Nesse momento vc dorme e eu estou aqui. Sem angústias, sem temores... Só meio em estado de alfa, como vc diz. rs
Sinceramente não consegui dizer metade do q gostaria de dizer pra vc, mas queria q vc soubesse o quanto tem sido importante pra mim. Em todos os aspectos, absolutamente. Uma importância inédita. Insuportável, tem horas. Mas queria muito que soubesse disso. Se eu tivesse coragem de atrapalhar um sonho de um anjo, te acordaria pra te falar isso. rs
Amo vc, como nunca, de uma forma linda e incomensurável que eu tenho medo de sentir. rs (eu e o meu medo estúpido que sempre me vangloriei de não ter. rs ironia do destino. rs)
Beijos e bons sonhos,
da sua (e sempre sua) ..."
Hoje tenho quase 28 e continuo oca. Eu perdi meus filhos e me conforto com a idéia de que foi melhor assim. Mas nada faz mesmo sentido, com ou sem filhos, porque continuo com medo e sinto falta dessa época, quando eu tinha medo mas tinha você pra me dar sentido.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Retrogosto
Vento
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Feliz Aniversário...
domingo, 1 de agosto de 2010
Mais sobre uma vida que não é a minha
– Me conta como é...
– Como é o que?
– Você sabe, você é a única de nós que sabe...
– Sabe o que, meu Deus?
– Como é ter outro homem...
– Ah...
E no som começam uns acordes de guitarra familiares, de pouco tempo, mas que são suficientes pra destruir a máscara que ela custou a vestir pra poder estar a ali. “Good time for a change...” Socorro. Nem são os Smiths mais, eu venci a discografia inteira!... Onde diabos arrumaram uma versão dessa música... Socorro. A máscara cai antes da resposta da pergunta. É de papel, molhou com as lágrimas que insistem em brotar naquela simulação de paraíso. E se desfez...
– Ai, amiga... Ta chorando? Que foi?
– É a música.
– Que música é essa, gente, não sei quem ta cantando isso...
– Nem eu, sei que é uma música dos Smiths...
– Ai, amiga, não fica assim...
E o marido se aproxima.
– Amor, tomei sua água toda. Pega outra pra mim? (virando o rosto já borrado do lápis de olho que escorreu com as lágrimas vindas do inferno) E ele se afasta.
– Então, quer mesmo saber?
– O que, amiga?
– Como é?
– É o que?
– Ter tido outro homem...
– Ah...
– É assim.
sábado, 31 de julho de 2010
5 minutos
Acabei de descobrir uma banda em meio às suas música (mas por que diabos eu insisto em me dirigir a você como se você me escutasse é que eu não entendo. talvez escute. dentro de mim tem você e esse você me escuta. sim, entendi.). Pois, a banda. É uma mistura de Radio Dept. com Nouvelle Vague e Velvet Underground, talvez. Eu e essa mania engraçada de ficar familiarizando coisas que eu desconheço. Buscando a familiaridade no não-visto. Conforto? É, acho que é. Mas a banda é legal. Você sempre ouviu coisas legais. Mais do que isso, você também sempre disse coisas muito legais em meio às bobagens que todos dizem. Era só saber ler nas entrelinhas. Só que fica difícil ler nas entrelinhas hipnotizado por cachinhos negros, olhos-mel-grandes-caídosnoscantos-e-cilhosgrandes e essa boca. Sabe o mais engraçado? Eu nem vi sua boca dessa vez. Só vi os olhos. E todo mundo olha pra sua boca e esquece dos olhos. Olha que todo mundo que te acha lindo fala só da sua boca, muitos falavam dos cachinhos também, mas te digo que ninguém nunca prestou atenção nesses olhos como eu.
Então, a banda chama The Wake. O cd que tem aqui é de 2002. Ouvindo mais músicas já consigo achar um pouco de Bishop Allen também e talvez até de Polyphonic Spree. E hoje eu penso no quanto perdi tempo ouvindo as mesmas coisas sendo que eu tinha um acervo inteiro seu aqui de coisas ótimas. Na verdade já parou pra pensar que o nosso acervo tem mesmo umas coisas ótimas? Tanto o seu como o meu quanto o nosso? Tem sim... Pena que eu não pensei no acervo quando te vi aquele dia. Eu perguntava as coisas por perguntar mas olhava fundo nos seus olhos e você, esfinge, tentando esconder eles de mim com medo de me entregar alguma coisa... Solidão? Saudade? Esquecimento? Tristeza? Vergonha? Te juro, não consegui te decifrar. Ainda vi você fantasma como nos últimos tempos. Doeu.......... Tanto. Você nem imagina. Pra não dizer que não percebi nada em você, eu te percebi lindo (como sempre) e com medo. Do que eu não sei. Julgo ser de mim antiga, do seu fantasma de mim (assim como você hoje é um fantasma pra mim, por que não eu ser um fantasma pra você?), medo de mim barraqueira, escandalosa, sangue de baixada, que não sabe perder... Medo de eu encher aquela menina do piercing de porrada e sangrar ela até a morte na frente do seu espetáculo todo, do seu espetáculo de todo domingo... Mas não. Se você também não soube ou não quis perceber nada em mim, eu estava como um bicho. Acuada, com medo. Uma criança com medo de um fantasma que a atormenta todos os dias. Com medo mas ainda com aquela curiosidade infantil de saber do que é feito o fantasma, se ele é feito da mesma matéria dos sonhos... E eu acho que foi isso o que descobri. Fantasmas e sonhos são feitos da mesma coisa. E existem (isso é o mais engraçado), e vivem, e andam, e comem, e bebem, e dirigem, e fodem, e sonham, e trabalham, dormem, acordam, etc etc etc... Mesmo que seja só na nossa cabeça.
Meus 5 minutos já são quase meia hora e quase um cd inteiro desses tais de The Wakes. Como tudo que tem aqui de música que eu herdei de você, parece uma trilha sonora do que você representa. Do que te torna fantasma pra mim. Sonho, blues, um pouco de eletrônico, uma voz feminina e uma masculina que se completam, um pedacinho de você aqui sentado comigo, me olhando, como você um dia costumou me olhar.
Fim do CD. Fim dos 5 minutos.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Socorro! Eu quero uma vida que não seja a minha!
É como num filme. Tudo. As luzes, os cheiros, o clima, o tom, as músicas... Toca jazz num taxi, Velvet Underground no supermercado e olha, até La vie en rose eu já ouvi numa rua cheia de gente louca e bêbada, e na versão que eu queria. Toca Lily Allen num café ao lado do museu que desisti de entrar pela fila gigantesca. Café cheio de turistas, comida francesa pra turista, fila do museu ao lado, todo mundo fingindo estar gostando daquela porcaria, todos mortos de cansaço e comendo aquela comidinha mais ou menos, gordurosa, ou aquela porra de água salgada da torneira ou suco com gosto de pirulito ou vinho ruim - mas francês, oui - ou coca-cola pra quem tem peito de encarar coca-cola em Paris. E a Lily Allen tocando 22 no diabo do café. E a felicidade em conserva, pronta para consumo ali, diante de mim. E eu olhei pra tudo aquilo e me senti no filme certo mas com os personagens errados. E me senti extremamente só e idiota diante do mundo.
Quem sou eu, o que eu tô fazendo aqui, caralho. Eu não tenho mais 22 e não nasci pra consumir felicidade enlatada. Eu achava que a vida era isso aqui, que estar em Paris resolveria todos os problemas do mundo. E hoje eu vejo - com muito mais que 22 - que vida pra mim não é esse café, nem o museu, nem essas ruas e prédios lindos, nem nada disso. A vida era uma pousada em Tiradentes com vagões de trem e festival de cinema. Era pintar um apartamento, cansar num terço do caminho e chamar um pintor pra terminar. Era acabar de assistir Marley e Eu e ver dois bobos com os olhos inchados de tanto chorar rindo na frente do espelho do banheiro. Era um quarto cheio de roupas pelo chão, uma cama enorme, biscoito recheado e nescau, e um computador com uma playlist de dar inveja a meio mundo. Isso pra mim era vida e eu não posso nem dizer que não sabia. Só sei que Paris, mesmo entupida de anti-depressivo, não é vida pra mim.
Aí é o seguinte: ou eu encaro a felicidade pronta ou eu continuo vivendo como uma morta-viva, como tem sido isso que posso chamar de vida pós-vida. Sobrevida, que seja. Aí eu choro no café e peço desculpas depois, dizendo que o que me assusta e me faz chorar é não ter mais 22...
domingo, 13 de junho de 2010
Vez em quando me pego pensando se não foi tudo um sonho... Foram tantas coisas vividas, tantos momentos... agora reduzidos à isso: músicas, filmes, e-mails, fotos. Tudo representações de algo que não mais existe. Não da forma como existiu um dia. Existiu? Às vezes até isso eu me pergunto. Parece tudo tão próximo e tão distante ao mesmo tempo... É uma confusão de sentimentos e pensamentos e lembranças que fica difícil distinguir o que é cada coisa. E aí fica essa vontade de escrever, de fumar todos os cigarros, de beber todas as bebidas, de ouvir todas as músicas pra ver se você volta de alguma forma. Porque de alguma forma eu não quero esse afastamento. Eu te quero ainda perto de mim. Mesmo que seja assim, perto só do meu coração. Mesmo que seja só eu a te manter por perto. Quero você sentado aqui do meu lado, mesmo assim, em palavras. Mesmo te vendo sentado aqui pelas palavras. Quero te fazer presente na minha vida, independente de qualquer coisa. Ainda.
Outro dia mesmo ouvi essa música relendo seus e-mails, revendo suas fotos e chorei como nunca. Com uma dor no coração quase física. Quase não, física. Mesmo. E hoje eu escuto a música e não sinto mais o que senti. Ainda aperta a tristeza, mas de uma forma longínqua, miragem quase... chega a ser doce. Deve ser porque junto dessa tristeza tem um felicidade maior que ela. Uma felicidade minha, construída com cuidado, precisa. E você passou a ser impreciso, borrado, fantasma... Assim como essa música. Ela me desperta algo que eu não sei explicar. Mesmo que eu queira colocar aqui em palavras. Deve ser porque elas sempre serão poucas pra definir o sentido. Sempre poucas. Por mais que eu as busque. Assim como, por mais que eu te busque, sempre será pouco sem você presente na minha vida.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Escrevo pra afastar a solidão, escrevo pra me sentir mais próxima - de ti ou de quem está longe, como estás-, escrevo. Escrevo por não haver outro modo, por não haver música ou filme que me aproximem de quem ou o que sinto falta. Escrevo.
Palavra feia, como todas as outras que aqui estão escritas, ou não... Escrevo. Como um pássaro sem rumo, paloma negra que sempre fui (Marcelo. Obrigada mais uma vez por me descrever. E escrever. Mesmo que não seja eu. Mesmo que seja você ou a solidão.). Escrevo...
Deixo reticências, para que elas mesmas se preencham com o vazio de sua falta ou da falta que quero que haja por você não estar aqui. Escrevo melhor bêbada, ou semi-bêbada, que seja, melhor que sóbria nas minhas mentiras e verdades. Melhor que na minha realidade.
Nas palavras sou mais bonita, sou maior e mais rica. Mais densa, profunda, que na vida. Sou o que há de melhor, assim como você, ateu, incrédulo, mesmo depois de tanta fé. Mesmo depois de tanta vida há a morte. Minha, sua, eterna e vazia. Que as palavras preenchem e eternizam.
Há o buraco que quero preencher. E só me restam as palavras agora. Now.
De você, só me resta o que eu quero e o que eu sei, mesmo que não saiba nada... Mesmo que só saiba o que sinto. Mesmo que você não saiba e não viva o que eu considero vida. Você vive. Assim como eu. Assim como as palavras. Vivemos uma vida que não é nossa. Vivemos uma realidade que não é a que sonhamos nem quisemos; somente uma realidade de vida vivida vazia. Mesmo que ela esteja preenchida de coisas, nomes, sons, amores, vergonhas, passos, tropeços. Esta não é a nossa vida. E nunca vai ser. Sem perguntas dessa vez, somente respostas. Afirmações. E reticências, como sempre. Esquivas. Esquinas. Um grito de um pássaro. Uma noite perdida, outra ganha. Nada em vão, tudo em nada. Uma vida vivida, outra vida. Outro dia. Outra morte. E escrevo.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Por que tem que ser assim?
Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you
We said goodbye
With the smile on our faces
Now you're alone
You're so sad on your own
The truth is
We run out of time
Now you’re looking for me
Or anyone like me
Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you...
http://www.youtube.com/watch?v=qTTGX27fsA4
terça-feira, 18 de maio de 2010
As roupas pelo chão
Ela chega na casa dele e já começa a reclamar:
- Eu não entendo... Não sei como você consegue viver assim...
- Assim como? - ele diz.
- Desse jeito... Com essa bagunça... Vê só esse tanto de roupa espalhada pelo chão... Deus me livre!
- Amor, se você quer que eu cate a roupa, é só pedir... Não precisa falar desse jeito.
- É que eu não me conformo! Eu não fui criada assim, acho um absurdo... Tudo bem que você é homem e tal, mas eu não consigo entender... E o dia que você casar? E quando a gente casar? Eu vou ter que sair catando tudo pela casa? Não, não. Não é possível. Você tem que aprender a se virar sozinho... Não é porque você mora sozinho que as coisas têm que ficar desse jeito!!! Isso é um comportamento de menino! Menino é que deixa as coisas pelo chão.
Silêncio.
HOJE
Ela chega em casa. Olha ao redor...
- Gente, mas isso aqui tá um inferno! Olha só que bagunça... Detesto essa zona. Olha quanta roupa esp...
E se cala.
As roupas no chão são as dela. As dele já não estão lá.
Enquanto ela sorri, calada, cata suas roupas. Lágrimas descem pelo seu rosto. As lágrimas são de saudade. O sorriso é puro, simplesmente por constatar. Sim, a sabedoria também está em roupas pelo chão.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
És parte ainda do que me faz forte... Pra ser honesto, só um pouquinho infeliz.
domingo, 2 de maio de 2010
Plágio...
Apenas sós
Não cobre.
Nada.
Nem olhar, nem palavras, nem gestos.
Não cobre ofensas.
Não existe mais nada a oferecer. Nem mesmo o nada.
Ele está repleto de vazios.
Nada vazio é muito só.
Cada um que viva em sua solidão, sem nada e sem vazios.
Apenas sós.
*texto por Marcelo Valadares.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Sai, tatuagem...
domingo, 28 de março de 2010
Dia primeiro
Hoje o sol voltou a brilhar e eu acordei com o peito querendo florescer. Depois de muito, muito tempo em terra árida, seca, vazia e estéril... E sinceramente, eu não sei por que. Sei que a vida esta brotando novamente em mim; é mais um ano que começa, mais um momento de esperanças renovadas, mais uma vez... recomeçar. De onde, pra onde, não sei. Mas é um recomeço. Talvez pra dentro ao invés do de sempre, sempre pra fora. Talvez a força de Deus agindo na minha vida, como sempre agiu, mas só agora eu consigo ver sua ação... Acho que as lentes cinzas secaram e caíram. Um mundo colorido amanheceu hoje diante de mim. Mesmo com dor de estômago, mesmo com sinusite, mesmo com dor no peito ele floresce, algo brotou hoje no chão duro e seco da minha alma e esse algo é bom. Não sou Clarice, não sou Hesse. A vida é dura, é difícil sim, mas é linda também. Acho que basta levantar assim... e viver. Simples como acordar e dormir, como comer, ir ao banheiro, sorrir, chorar. Simples. A complexidade é a gente que dá às coisas, assim como a naturalidade. A gente vive, sim. A gente sobrevive. Mesmo à pior chuva, mesmo ao pior fracasso, à maior vergonha, a gente vive. E a noite pode custar a passar, mas uma hora ela vira dia. Todos os meus dias primeiro eram sempre dias de tristeza e escuridão. Esse é o meu primeiro dia primeiro feliz. O primeiro de muitos.