sábado, 21 de janeiro de 2012

Para não esquecer do dia 20...

Hoje eu vou escrever pra você. Já não é mais vinte, mas no vinte não saiu. Eu tentei logo de início, mas me deu muita preguiça. E durante o 20 eu quase me esqueci. Não fosse falar de você ao telefone, eu acho que só lembraria hoje, 21. Mas eu faço questão de lembrar. Faço questão de desenterrar o defunto, de reabrir as feridas já cicatrizes. Eu faço. Esse amor merece respeito.

Eu já tinha escrito um post enorme aqui, mas por algum motivo que foge ao meu entendimento e que eu prefiro chamar de acaso, perdi tudo que havia escrito antes, menos o primeiro parágrafo. Mas me lembro de estar escrevendo sobre o desencavar, sobre o retirar do armário o vestido velho e mofado, mas querido. Muito querido. Foi nesse meio que achei a nossa conversa de quando eu te contei que eu era eu naquela história toda do fake. Até então eu não estava triste, não havia chorado porque não tinha sentido vontade. Mas ao reler a conversa, chorei, e a tristeza veio. Mas dessa vez pela perda da inocência de duas crianças que acreditavam que poderiam mudar as regras do jogo. Nós acreditávamos que as coisas poderiam ser diferentes, que poderíamos separar o sermos amigos de sermos amantes e que, a amizade, sempre iria prevalecer, de uma forma ou de outra. Éramos duas crianças brincando com fogo. Um fogo que era delicioso de se brincar, e que de uma hora pra outra se transformou numa fogueira acesa, linda, intensa, brilhante. E que com o tempo foi se transformando num incêndio sem precedentes, enorme, incontrolável e mortal, que foi se espalhando e queimando tudo devastadoramente ao redor, onde quem mais se queimou fomos nós dois. As poucas lágrimas que derramei hoje foram por nós de antes, por nós que já não somos mais.

E agora pouco eu estava sentada aqui na minha varanda onde tem uma palmeirinha em que o vento estava a bater. Entre todas as folhas da palmeira, paralelas, há duas folhas que, dependendo do vento, encostam-se uma na outra. Entre as dezenas de folhas, só essas duas se esbarram. E eu fiquei pensando que a gente vai ser sempre assim, como essas folhas. A vida segue, hora com, hora sem, mas não há como evitar o vento. Uma hora ele vem e as folhas se tocam. E, ainda bem, vou ter sempre esse espaço pras horas de ventania...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Se não fossem fotos, vídeos e e-mails eu facilmente diria que tinha ficado louca e que você nunca tinha passado de uma alucinação na minha vida. Fora, claro, o que eu sinto dentro de mim. O que também poderia ser considerado um outro sintoma de insanidade. Por um momento, hoje, pensei em mandar tudo pro inferno pra poder ir atrás de você. Eu não penso isso mais com tanta frequência hoje em dia... Aliás, há muito não pensava nisso. E ao mesmo tempo o pensamento que acompanhou a vontade de chutar a porra toda foi: por que diabos arriscamos tão pouco nessa vida? Por que tanto escrúpulo, tanto pisar em ovos, tanta cerimônia? O que há de errado com as pessoas que elas não querem sair de uma zona confortável, do conhecido, do aceitável, do politicamente correto, do socialmente aceito, do racional? Eu fiquei pensando que merda de vida a gente leva nesse mundo e... pra que? Ontem eu perdi um conhecido, que tinha a minha idade... E o que foi que ele fez da vida dele? O que as pessoas estão fazendo das suas vidas, REALMENTE? Eu não escuto as músicas que eu mais gosto por medo do que elas podem me trazer. Eu fujo do que me lembra você. Eu fujo do que me causa prazer, do que me causa pânico, do que me causa tristeza, do que me deixa feliz... Eu fujo, fujo correndo, pra bem longe, de tudo que me tira do sério... E... Pra que? Eu fujo até, e principalmente, destas perguntas a maior parte do tempo. Onde está o sentido disso tudo? A vida em si é tão doida que eu nem mesmo ouso procurar mais... Mas as perguntas continuam aqui, em algum lugar. Até quando...?