quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eu quero extirpar da minha vida tudo aquilo que me faz mal. O cigarro, a bebida, a comida em excesso, as madrugadas acordadas à tôa, o acordar tarde e principalmente o auto-flagelamento. E isso inclui você e tudo o que eu te atribuí de significado até então. Hoje você basicamente se resume a um masoquismo maluco pra mim. É como eu conversei hoje com uma quase desconhecida e uma grande amiga à respeito... Você se pega fazendo coisas estúpidas e sem sentido como ficar fuçando nas redes sociais pra ver se acha algum vestígio do quebra-cabeças que a vida do outro se tornou. E procurando sinais, pistas de que você, de alguma forma ou em algum momento, ainda faz parte daquele quebra-cabeças. Uma pecinha, que seja. E é tão triste isso, esse vasculhar, esse escarafunchar no lixo do presente pra ver se há um pouco da poeira do passado ainda escondida entre uma fresta qualquer... É muito triste. É o cavucar a ferida já cicatrizada pra que ao menos ela ainda doa pra nos lembrar... Principalmente quando só restaram feridas de um passado, mesmo se o seu presente nada tem a ver com essas feridas ou com feridas quaisquer (até porque ele é bom, o presente). Remexer a ampulheta do tempo, ver a areia da vida lhe escorrendo pelas mãos enquanto lágrimas silenciosas lhe rolam o rosto da memória, não o seu de verdade. Insistir pra que essas lágrimas inexistentes se tornem resistentes e existentes no mundo real. Lágrimas que não lhe cabem mais, não combinam com o que você se tornou.

sábado, 2 de abril de 2011

Quando a gente acha que passou é aí que volta tudo. E tudo é uma história já tão gasta... É uma vida já tão distante... Seu rosto cada vez mais se confunde com outros rostos nos meus sonhos. Sim, ainda sonho com você. Ainda morro de ódio de pensar em você com outras, ainda me dói pensar em você comendo desconhecidas e mais ainda, minhas amigas. Como você já fez e nem era pra eu me importar. Eu estava tão bem... Achei que tinha enterrado você. Ou engolido. Ou... sei lá. Meus progressos eram visíveis, até pra mim que custo a me ver com bons olhos. Mas eu te enterrei; não superei. Te coloquei num lugar escuro como no Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças. Mas assim como no filme era a minha cabeça tentando me enganar. Ela te colocou num lugar onde eu pudesse te achar... como achei. E a minha mente insiste em me pregar essas peças. É você de cabelo comprido, você e seus cachinhos. Eu sei que eles não existem mais há um bom tempo, mas na minha cabeça eles ainda existem sim. Existem e me fazem sofrer. Ainda. Nessas peças em que sou pega eu te procuro e você some de mim. Você diz coisas que eu gostaria de ouvir, você chora, você ainda me ama. Quando eu consigo me aproximar, você vira um boneco de pano. Quando você me magoa, somem os cachinhos, mas o rosto não é seu. Algo nele está desfigurado. Algo ainda acredita que você, que me magoa, não é você. Alguma coisa em mim associa o seu amor aos cabelos compridos. Quando você os cortou, levou pra sempre o você que eu amava, e com ele um pedaço do meu coração.