sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hurry up, we're dreaming...

A vida é tão frágil... E minhas metáforas sobre tudo quase sempre são baseadas em músicas. Mais uma vez, vamos lá. Estou aqui escutando um álbum com o nome mais lindo que eu já vi: Hurry up, we're dreaming. E acho que gosto tanto do nome porque é meio que a minha filosofia de vida. É como se tudo fosse acabar num instante. Como se as coisas se esvaíssem como num sonho. Como se tudo, depois que passasse, não passasse de um sonho. Porque só restam as lembranças. Eu posso viver as coisas mais lindas do mundo em um minuto... e depois acabou. E eu gosto de viver as coisas mais lindas do mundo. Eu já vivi várias delas. Inclusive por isso, obrigada. E ainda tenho um infinito de coisas lindas me esperando. Só que ao mesmo tempo tenho medo dessa outra finitude; tudo se acaba. Não vê o nosso amor... De madrugada as coisas parecem estar em suspenso, apesar do tempo parecer passar mais rápido. Também acho uma hora engraçada pra se pensar sobre as coisas por causa dessa suspensão ilusória. Continuo escutando as músicas do CD do nome mais bonito. As sensações que elas me trazem são indizíveis. É uma mistura de tudo, amor, tristeza, esperança, dor, redenção... É por essas coisas que eu sou tão musical. Esse teletransportar que é a música. Com ela o que era pra ser finito torna-se infinito e eterno. Até o nosso amor...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Vem como um torpor. Um transe. A tristeza. É viciante, enebriante... Ela chega com uma música que lembra você. E vai entrando por cada poro do meu corpo, chega a arrepiar tem hora, essa dor que vai por dentro dos ossos e dos órgãos. E o pior é que eu deixo ela chegar. Eu abro as portas pra ela entrar. E uma música puxa outra, e outra, e outra... Exaustivamente. Eu busco você já com esforço. Mas ainda busco. Com menos frequência, mas ainda busco.Procuro entre lembranças empoeiradas, procuro palavras bonitas pra lhe descrever, procuro imagens de você nu dentro de mim, do seu corpo, da sua boca, dos seus olhos... mas só o que consigo enxergar hoje em dia é esse outro, essa pessoa que tomou o seu lugar, estes olhos que não são mais seus, que não se abrem mais como se abriam antes, que não se apertam da mesma forma de quando você sorria antigamente... E eu ando tão cansada, sabe, de te buscar e não encontrar... Acho que isso é o que faz o amor ir diminuindo, diminuindo... mas nunca acabar. Tenho sentido falta de Deus dentro de mim, da época em que a gente rezava junto, ia junto ao centro, de quando tínhamos medalhinhas iguais. Além de Deus havia o amor dentro dos dois, então Deus também ficava mais forte talvez... Talvez eu esteja só perdendo a fé em mim mesma e na humanidade. Talvez seja só falta de você. Ou de um amor igual ao seu. Talvez o vazio que você deixou... Eu sinceramente não sei te dizer. É que tem dias mais difíceis do que outros, principalmente quando eu bebo. Aí parece que as coisas vêm como ondas. Vão de acordo com as músicas. Tem as que me causam raiva, as que me revoltam, as que me machucam imensamente, as de dor fina como de um punhal, as de soco no estômago, as de resignação, de tristeza doce como a que eu estou ouvindo agora... Tem pra todo tipo e gosto e é assim que as coisas vêm. Agora a voz doce e triste do vocalista do Kings of Convenience canta nos meus ouvidos através do meu fone novo. Ela vai ecoando dentro de mim como se fosse pra mim que ele cantasse: "I don't know what I can save you from... Still I don't know what I can save you from..." Eu também não sei, menino! Não sei. Não há ordem na vida, assim como não há ordem alguma nessas palavras e nos meus sentimentos. Tem dias que a solidão é tanta, e mesmo tão cercada de gente, que chega a sufocar. Todo esse ar. Sabe que tem coisa que eu não consigo mais escutar? Não consigo dar um final pra isso. Nem pro texto, nem pra nada. Coisa que eu não sei é dar um final pras coisas. Eu ouvia essa música grávida. E ouvir Interpol me dói tanto... Eu chego à conclusão de que eu não sei viver. Não sei. Não como as outras pessoas. Não como você. Infelizmente. Tá aí uma coisa que eu não sei fazer: viver.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Vi isso no facebook de uma amiga. Era assim que eu gostaria que fosse. Ou é assim que eu fantasio que é.

"Eles se amam,todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ele quer atitudes, ela quer ele. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz."

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Eu tenho essa ilusão estúpida de que a vida poderia ser diferente do que é. Eu tenho, eu admito. Na verdade acho que as pessoas, vez ou outra, têm os seus momentos de "e se". Até você. Mas eu tenho quase sempre e isso é um inferno. A minha cabeça é tão maluca que até nos momentos em que não haveria porque de ter um "e se", eu tenho. Hoje eu vi o show da Banda mais bonita da cidade. É um show doído, sabe. Achei de início mega parecido com Ludov, só que não. É parecido, mas diferente. Eles falam de amor de um outro jeito. Há medo, há dor, há insegurança, mas há mais amor do que no Ludov. Mais amor e, por isso, mais esperança. Porra, e esperança é uma merda de sentimento. Uma merda porque te ilude, te machuca, mas te torna bom. E assim eu me vejo boa, quando na verdade eu não quero acreditar que sou. Principalmente depois de você. Antes de ir pro show eu tive um sonho desses de esperança, sem saber que o que me aguardava era uma aula de esperança que iria complementar o meu sonho. Foi muita informação e completamente sem um propósito lógico aparente. Eu tinha ido dormir puta porque vi a foto de uma amiga que tinha ido até a neve e eu não fui. Assim, fui. Mas não estive NA neve. Eu VI neve. E isso é uma coisa muito maluca, parecida com o que eu vivi com você recentemente. Eu VI você, mas em nenhum momento eu estive COM você, ou EM você. E você percebe a diferença que isso faz na vida de uma pessoa? Acho que só quem viveu isso é que consegue perceber. Porque tem gente que se conforma com o ver. Viu, pronto, foda-se. Eu preciso pegar. Sentir. Cheirar. Ver eu vejo em foto, na televisão. A coisa é EXPERIMENTAR. PROVAR. VIVER. Mas o sonho. O sonho, que também é meio o ver, foi assim: eu, você, estávamos em outro país, acredito que nos EUA. Você veio me receber e conversar, eu sempre espantada porque normalmente você não possui mais essa gentileza comigo, conversamos, você parecia bem, mas um pouco triste e com medo. Era uma casa e sua mãe chegou. Você quis me esconder, mas ela me viu, te xingou e eu resolvi enfrentá-la. Ela tinha muita raiva de mim por você, mas eu pedi perdão a ela por tudo, mesmo não tendo funcionado muito bem. Você chorou e me levou pra ver a neve. Não VER, mas SENTIR a neve. E eu fiquei imensamente feliz e triste ao mesmo tempo, com os pés descalços naquela nevezinha pouca, mas minha. E que você tinha me levado pra ver/sentir/whatever. Havia todo o amor do mundo naquele gesto. E aí eu acordei, e fui como um zumbi assistir ao show da banda que eu sei que você adora. Foi a extensão do sonho. Aquela mulher cantava a minha vida com você através da vida dos outros. Os outros nos cantavam pelas bocas deles, pelos amores e sonhos deles. E eu ali, absorta, entre um sonho, um amor encurralado dentro de mim e algumas centenas de pessoas emocionadas com seus próprios amores, gritando eles por mim que não gritava. Cheguei em casa e ainda vi umas fotos suas que me deram um friozinho na barriga pra me lembrar que o amor ainda está aqui. Ainda, meu Deus, ainda.

Depois que o torpor passou, fui pensar no sonho. Na verdade, você era eu. Tudo o que você fez por mim no sonho era mais do que o que eu queria que você fizesse, era o que eu queria fazer por você. Eu era duas partes de mim no meu sonho. O que não deixa de ter lógica, na atual conjuntura. Mas onde eu quero chegar é que além do amor, há uma bondade aqui e uma vã esperança. Três sentimentos estúpidos que brotam dos lugares e horas mais improváveis dentro de mim.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cinco dedos fazem uma mão...

Eu hoje preciso lhe falar. Tá tudo muito entalado aqui dentro. Quase transbordando. E prefiro transbordar aos dedos, já que não posso transbordar pela boca. Eu descobri. Descobri qual é o meu problema com você. Passei tanto tempo tentando entender uma coisa tão simples... e tão triste de se constatar. O que eu queria com você era ainda ter o nosso relacionamento... mas com a cabeça que tenho hoje. Com toda maturidade e transformações pelas quais eu passei. Hoje seria a época ideal para viver com você. Eu estou pronta. Eu nunca estive tão pronta em toda a minha vida. Hoje foi minha última prova de fogo: o desapego. Eu entreguei o ouro ao bandido, mas com a segurança que eu nunca tive de que de nada adianta o bandido se o ouro não for pra ele. Se ele não pertence ao bandido, são como notas marcadas roubadas de um caixa eletrônico. Não tem valor. Ninguém aceita. De nada servem. As notas, cheias de valor, viram um monte de papel inútil. Só tem valor se retiradas de forma legal. Mas os bandidos não entendem isso. E nem eu entendia. Eu acho até que era você quem me dizia que quem tenta prender demais com as mãos acaba perdendo o que escorre entre os dedos. E foi o que aconteceu. Você me escorreu entre os dedos, como areia, como água, como o próprio amor, que não foram feitos para serem aprisionados. Eu tentei te prender com tanta força que te perdi e acho que foi pra sempre. Digo acho porque tenho medo de afirmar isso até pra mim mesma, mas acho mesmo que foi pra sempre. E é uma pena porque hoje estou pronta. Hoje entendi que é preciso não abrir demais as mãos e nem fechá-las ao extremo. É preciso cuidado, carinho, respeito, confiança e liberdade. São os cinco dedos de uma mão em concha que juntos formam o amor.

O problema todo é que só estou pronta porque você permitiu. Enquanto eu fechei com toda a força as mãos, você se cansou de mantê-las em concha e as abriu... E como um passarinho eu fui, mas não soube voltar. Quando aprendi o caminho de volta, o ninho estava vazio. Você já estava muito a frente, num lugar onde eu não poderia mais te achar. Mas eu só consegui enxergar tudo isso porque você teve a bravura de me deixar. Mesmo me amando demais. Isso sim era amor. E até então eu não sabia amar. Foi você quem me ensinou. Desse jeito estranho, mas foi você.

Eu entendi. Eu estou pronta. Mais uma vez, você tinha razão. "De dentro pra fora", como você sempre diz. Tem que ser de dentro pra fora mesmo. E foi. Só foi tarde...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"Nobody said it was easy..."

Um ano e oito meses do fim. É bastante tempo já. Quanta água já rolou debaixo dessa ponte. Quanto já aconteceu. Com quantas mulheres eu já te vi. Quantas notícias tive de você e você de mim. Quanta dor em ambos os lados. Quanta mágoa e tristeza. Quanta decepção. Quantos recomeços diferentes. Você até já andou apaixonado que eu sei... Você se reconstrói e eu me reconstruo a cada dia, um sem o outro. E algumas coisas vão ficando mais sedimentadas, algumas feridas vão criando casca, outras você acredita que cicatrizaram de vez... Mas aí... vem uma música. Uma. Maldita. Música. E todas as feridas se abrem. A música que representa o fim, a perda, o vazio que ficou, a solidão que eu vivo, o buraco que você criou na minha alma. Eu te juro, achei que meu coração ia explodir. Mas quem explodiu fui eu, num choro profundo e intenso como há muito eu não chorava. Me faltou ar. Minhas pernas doíam enquanto eu me apoiava na bancada da cozinha. Eu me vi em mil pedaços, estilhaçada, destruída. Eu chorei de dor. Eu sentia como que apunhalada no coração, mas com o punhal ali, estacado bem no meio, enterrado até o cabo. Até a última célula do meu corpo, no momento que aquela música tocou, estava repleta de infelicidade e tristeza. Quanto mais aquele homem cantava a minha dor, mais ela doía em mim. E acho que era isso, porque aquela dor era só minha e de mais ninguém, e eu chorei por mim. Chorei tudo aquilo que eu teimava em enterrar mais e mais fundo no meu coração. Era o fim. Era o luto. Era um você que só existia agora ali, enterrado debaixo de tanta dor, varado pelo punhal que era aquela porra daquela música. E eu chorei como nunca enquanto aquelas cem mil pessoas cantavam em coro "nobody said it was easy... no one ever said it would be so hard". Não mesmo. Ninguém me avisou que seria tão difícil quanto a morte. Ninguém me disse que acabaria assim. Todo o resto me disse o contrário. Na teoria é sempre final feliz. Final de novela, de filme, de livro... Todo romance tem um diabo de um "happy end". E o nosso? Virou esse choro entalado na garganta, um soluço abafado que deságua num mar de lágrimas incontroláveis. Era a última coisa que eu esperava de um romance como o nosso.

PS: Eu assisti a esse show sozinha no ano passado e não derramei nenhuma lágrima. Nenhuma. Eu tava morta por dentro, meio que anestesiada, no limbo. No sábado eu resolvi chorar tudo aquilo que ficou pra trás e mais um pouco. E eu descobri que ainda estou viva.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sinto uma felicidade que me queima. Sinto uma clareza que me cega. Ainda não sei muito bem o que fazer com isso. Sei que ainda te tenho no meio disso tudo. Não sei por onde começar, como agir, mas sei que alguma coisa aconteceu aqui dentro e que as coisas agora não vão mais ser como eram, como sempre foram.

Aguardo ansiosamente cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

De dentro...

Hoje acordei me lembrando do seu aniversário. Na verdade, já fui dormir pensando nisso. Levantei, tomei meu café com as outras pessoas, com alguns estranhos que falavam em outras línguas. Voltei ao quarto pra arrumar minhas coisas: mais um destino. E fiquei ali sozinha, mexendo nas malas, nas roupas, sapatos e remexendo internamente nas nossas lembranças. Mais especificamente, queria me lembrar de você. Coloquei no computador uma seleção de músicas suas, que de alguma forma remetiam a você. Ao você de antes, ao você de agora, talvez de um você futuro. Me lembrei com carinho, só de coisas boas, de você feliz, feliz, como eu gostava de te ver. Depois de um dia inteiro de viagem, volto agora, sozinha outra vez, pra esse mundo perdido dentro de mim. Coloco novamente a lista que ouvi de manhã cedo pra ver se volto a me ambientar. Eu procuro dentro de mim por você e vejo que isso tem se tornado um esforço... já não é mais natural. O tempo dá conta de tudo. Foi a frase que eu mais escutei depois que terminamos e eu não entendia o significado disso até há pouco. Mas parece que dá sim. E dá de uma forma que não temos controle, de um jeito que transforma os sentimentos, peneira alguns, maqueia e desfaz outro. Ainda sinto amor? Talvez sim. Mas agora já não dói como antes. Na verdade, sinceramente, não dói mais. A vida quis assim. Você quis assim. O destino, ou Deus, ou seja lá o que for, fez com que as coisas fossem desse jeito. Eu cansei de lutar. Na verdade não acho que seja cansaço, mas sim uma conformidade de que as coisas não poderiam mais seguir como iam. E seguiram de uma outra forma. Hoje entendo, de uma forma melhor. Do seu lado eu não era mais eu e nem você era mais você mesmo. O amor foi se desgastando, virando doença, tristeza, mágoas muito grandes e muito maiores do que a gente poderia suportar. Tanto é que não se suportou. Você acordou primeiro. E ainda bem. Hoje sim vejo, ainda bem. A gente poderia ter estragado tudo de uma forma muito pior. Ainda sim saímos machucados, feridos, de formas diferentes, mas feridos sim. E eu respeito sua mágoa, mas acima disso aprendi a respeitar a mim e ao meu coração e é por isso que estou aqui escrevendo. Você me deu muita coisa, muito mais do que possa imaginar, mas o maior presente que você me deu foi o meu amor próprio de volta, que eu nem sei mais por onde eu tinha perdido. Você me deu a paixão por Smiths, por Woody Allen, por coisas antigas, por boas músicas e filmes. Você me deu humildade, compreensão, o pensar antes de agir simplesmente por impulso, o cuidado com o outro, com as palavras e os gestos a quem se ama. E muito mais. Muito, muito mais... Mas hoje é o seu aniversário e eu queria te dar essas palavras.

Que você consiga encontrar sua paz e sua felicidade, e que de preferência você perceba, como eu, que elas estão dentro de você.

Parabéns.

Com amor, ainda.

Flávia.

sábado, 16 de julho de 2011

Eu sou o seu desejo secreto. Your guilty pleasure. Sou a personificação da paixão. O prazer, puramente pelo prazer. O lazer. Sou a graça, seu espaço de liberdade, sua vontade. Seu conto de fadas, sua fantasia. Sua parte oculta que grita querendo sair, querendo viver. Eu sou vida. Eu represento o viver sem pensar no amanhã. Comigo você pode ser quem for. Eu aceito. Eu sou sua gueixa, o seu sexo selvagem, a sua parte animal. Instinto. Sede. Vingança. Glória. Sou a parte que você esconde de todo mundo mas que queria ser ao invés de esconder. Não tenho amarras. Não tenho limite. Irracional, irascível, puro sentir. Eu corro, eu sigo, eu não paro. Sou monstro e beleza. Sou aquela que te encontra nos sonhos, aquela que te persegue e te tem, de um jeito ou de outro. Sou aquilo que te perturba, te consome, te empurra. O abismo, o caminho. Proibida. Intocável. Sua parte oculta. Sua lua nova e lua cheia, ao mesmo tempo. Eu fujo aos padrões, eu sofro, eu choro, eu grito e me exponho. Um livro aberto. Sentimento puro e simples, mas complexo. A chuva, a gota, o oceano que transborda em você. Cólera, ódio e perdão. Sou o perfeito clichê. Tenho unhas vermelhas, cabelo loiro e tatuagem. Tenho uma bunda de dar inveja. Tenho peito. Tenho garra. Tenho fome. Eu sou aquilo que não se pode nomear...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Traças que somos

Eu me sinto como aquela traça na parede, carregando uma couraça, uma casa, uma vida. E tão pequena perto do tanto que carrega. Tem horas, parece, vai despencar parede abaixo pra, então, começar tudo outra vez. Como ela consegue? Deve ser um peso insuportável carregar aquilo pra cima e pra baixo, aquele peso todo... E lá vai ela. Pra onde? Não sei. Nem pra onde eu vou com isso tudo que carrego. Só sei que, como ela, eu vou. Numa dificuldade imensa, e solitária ainda, o que é pior. Não que não existam outras traças como ela. Mas agora e sempre, o peso que ela carrega é só dela. E de mais nenhuma traça. Praticamente ela dá um passo e volta dois, coitada. Aí pára, parece analisar o que está fazendo, qual caminho seguir, e continua. Um passo acima, dois abaixo. Se estica quase toda pra fora daquilo e volta pra dentro, como numa concha. Sinto vontade de ajudá-la mas... como? Não sei pra onde ela vai, o que ela quer, o por quê de subir a parede... Não tenho como. Só posso observá-la e torcer para ela chegar aonde quer, seja lá onde for. Apago a luz e volto pro quarto, carregando a minha carapaça enorme, cheia e pesada. Um passo pra frente, dois pra trás.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Escova de dente

Outro dia parei na porta do seu prédio. Minha melhor amiga me levou bêbada até lá. Sem ter o que fazer, gritei por você. Gritei o seu nome umas duas vezes. Na terceira, completei com um "eu te amo". Depois disso, às gargalhadas, pedi a ela pra ir embora correndo. De certa forma me senti aliviada, mas, por incrível que pareça, soou falso. Minha voz de taquara rachada gritando que te amava, bêbada, hoje em dia, depois de tudo, me pareceu a coisa mais falsa que já existiu nesse mundo. Não que eu tenha deixado de te amar, até porque em algum lugar em mim eu ainda te amo e acredito (ou gostaria?) amarei pra sempre, mas é porque esse amor não cabe mais no contexto atual. Você aí, eu aqui e, mesmo que na mesma cidade, mesmo que a uma rua de distância como era antes, eu nunca me senti tão longe de você na minha vida. Acho que estava mais perto até antes de te conhecer. Você hoje é mais estranho pra mim do que qualquer estranho que venha a encontrar. Até o papa é mais íntimo meu do que você. E olha que eu nem gosto desse papa...

O triste de tudo é isso. Nós dois, tão íntimos quanto dois estranhos. Quase que como dois alienígenas de planetas diferentes. Eu ávida por saber notícias suas, por qualquer coisa que me aproxime de você. E você, quanto mais perto, mais frio. Nem parece que dividimos tantas vezes a mesma cama. As mesmas roupas. Até a mesma escova de dente. Não há intimidade maior do que essa, a da escova. Eu nunca havia feito isso na minha vida. Acho que foi a maior entrega que eu pude fazer a alguém. Olhando pra trás e pensando na escova de dente, eu te amei pra caralho. Eu fiz sua barba, eu te sujei do meu sangue, eu lavei sua cabeça, eu te segurei vomitando, eu limpei o seu vômito, eu rezei com você, eu cantei pra você. Eu usei a sua escova de dente e usei porque você me ofereceu, com a maior naturalidade do mundo, como se não fosse nada... E foi a coisa mais linda que alguém já me ofereceu. E a coisa mais linda que eu já aceitei de alguém.

É. Pensando bem, você também me amou pra caralho. Nos amamos imensamente. É uma pena que parece, hoje, que do amor não sobrou nada.

É tudo a mesma coisa.

A maior parte do tempo eu fujo de você como um alcoólatra foge da bebida. Quase que conto os dias em que estive sóbria. Me orgulho por dentro, mesmo que morra de vontade de saber qualquer mínima informação sobre você. Hoje considero isso assim, como o alcoolismo, como uma doença. Porque é como minha psicóloga me disse: eu não vivo mais duas vidas no mundo real como eu vivia, mas pior. Vivo uma vida real e, só na minha cabeça, ainda me prendo a você. Só na minha cabeça. Voltando ao álcool, cada escorregada que dou é vergonhosa. Pra mim mesma, sabe... É como um gole de pinga escondida, uma bicada num copo de cerveja, um licorzinho ou vinho do porto depois do almoço. Uma taça de vinho com a desculpa de que faz bem ao coração. Uma dose de vodca "porque eu mereço". E depois, o arrependimento. Amargo. Solitário. A constatação da idiotice sem tamanho: PRA QUÊ ISSO. Posso comparar também à fugidinha da dieta. Um brigadeirinho na festa de criança. Uma escapulida porque é natal, ano novo, festa junina, páscoa... E lá vem a culpa outra vez. Só eu sei desses escorregões. Só eu sei dos meus tropeços. Mas acho que até por isso, é pior. Cada vez que eu me pego olhando suas músicas no last fm, cada vez que eu vejo seu facebook, twitter, fotos da boate e das festas que você frequenta, seus comentários nos perfis de amigos em comum, é um prazer secreto. Como a masturbação, como quem mete o dedo no bolo antes de todo mundo, como roubar uma bala nas lojas americanas, como quem espia de uma fechadura mas... inútil. Acredito, mais uma vez me utilizando das metáforas, que seja como cheirar uma carreira de pó: um prazer infinito seguido de um vazio tão infinito quanto.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

No fundo, o raso.

Eu tenho quase 30 anos, deveria estar trabalhando e cuidando da minha vida. Deveria estar pensando em ser mãe, em ser uma boa esposa, em cuidar da casa e do meu marido. Deveria estar preocupada em construir um bom futuro para mim e minha família. Deveria ter um carteira de motorista, um carro, independência. Deveria estar me perguntando qual o cardápio de amanhã no almoço, quantas calorias ingeri hoje e em quando começar a tomar o meu remédio pra curar a gastrite. Deveria. E dever é uma palavra tão feia e que eu nunca gostei. Deve ser por isso que eu devo, não nego e faço quando puder. Porque agora eu ainda estou muito ocupada pensando em você. Perdendo meu tempo que eu deveria estar gastando com todas essas coisas amarrada num passado que já não existe mais. Como se isso fosse a única coisa que importasse. Que vida triste uma vida presa a algo que não existe mais. E a minha vida é essa, assim, triste, quando penso em você. E eu penso muitas vezes ainda. Muito mais do que deveria.

Eu me coço pra saber aonde você está, o que está fazendo, o que está pensando, se está dormindo, comendo, sonhando, fudendo ou simplesmente pensando, como eu, porque diabos eu ainda não te esqueci mesmo querendo esquecer e mesmo já tendo esquecido um monte já do que era pra lembrar, mas me agarrando ao osso como se só isso tivesse importância para o que eu sou. Como se só isso fizesse parte de mim, de verdade, de mim de verdade, do que eu sou de verdade, no fundo, não no raso. Porque no raso eu já te esqueci, eu tenho uma vida linda, graças a Deus, um marido perfeito, um apartamento perfeito, uma vida perfeita e gracinha, enlatada como uma sopa Campbell's, tão artificial como uma. No raso eu me fantasio de fancha modernosa, pinto o cabelo de loiro, pulo na boate enchendo a cara de vodka importada no meio de um monte de pirralho que nem me conhece e nem sabe nada da minha vida. E o mais engraçado nem é isso. O mais engraçado tá mesmo no fundo.

Porque no fundo o que eu queria mesmo era ter uma casinha com a nossa camona, trabalhar pra pagar as contas com você, comprar o nosso carro, fazer as nossas viagens, mesmo que pra fazenda da amiga, mesmo que pro apartamento de praia do tio, mas nossas, tudo nosso. Nossos sonhos, nossas brigas, nossas pazes, nossos gritos, nossos risos, nossas coisas, nossas músicas, nossos filmes, nossos filhos, nossa maturidade, nossa velhice. Nosso amor.

É uma pena que, no fundo, você, eu e todo mundo viva só no raso. Só no raso...

sábado, 21 de maio de 2011

Outra vez...

Às vezes tenho preguiça de escrever.
Às vezes, de você.
Mas ao te ouvir falar que quer crescer
Ao te ver sorrir, espairecer
A preguiça some
E dá lugar à fome
De te ver.

Fico calada e sonho
Peço a Deus consolo e ponho
Em meu travesseiro as minhas queixas.
Baixinho digo: não me deixas
Deita aqui que eu te nino
Deixa que te ensino
A sonhar um sonho colorido de menino.

Abre esse teu coração...
Tem um mundo inteiro de canção
Poesia, verso, prosa
Meu peito ainda leva uma rosa
Que um dia deste pra mim.

Veja bem, ouça bem
É o meu amor dizendo
É meu canto te querendo
Nos meus braços
Nos meus passos
Teus abraços
Outra vez.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Meu novo grande amor

Tenho um amor em mim. Ele vive a me espreitar pelos cantos, a me observar e admirar. Tenho um amor em mim que é só meu, que não pertence a nada nem ninguém, e que até pouco tempo não conhecia. Tenho um amor em mim. Tenho alma, tenho beleza, tenho fé e compaixão. Tenho sede, tenho vida e vitória, e fracassos também. Tenho um amor em mim que resolveu se apresentar: "muito prazer. meu nome é amor e eu já morava aqui há muito tempo. sim, há muito, só que andavas tão ocupada cultivando outros amores que eu devo ter passado despercebido." E é um amor tão bonito... tão simples, inteligente, corriqueiro e clichê. Do jeito que eu sempre gostei e sempre busquei. E ele aqui, em mim. E eu aqui, sem vê-lo. Sem reconhecê-lo ou senti-lo. Ele aqui... e eu aqui também. Sempre. Tenho um amor em mim que resolveu aparecer por notar uma certa alegria que há muito não aparecia por cá. Aproveitou, sorrateiro, a presença dela pra se fazer presente aos meus olhos. Ao invés de me cobrar como nunca o tinha visto antes, olho com ternura pra ele e penso: "é, tenho um amor em mim." E sorrio com esses dentes tortos com os quais ele nem se importa. Com meus quilos a mais que, por ele, nunca foram vistos mas, por causa dele, estão indo embora. Admiro-o hoje assim como ele me admira. Pretendo não perdê-lo nunca mais agora que o encontrei.

Eu tenho um amor em mim. E esse amor, correspondido, é por mim mesma.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"...because your kiss is what I miss when I turn out the light..."

Queria entender de onde vem o alimento desse amor. Eu já ia dizendo que de você não vem, mas é mentira. Não que você faça algo que alimente alguma coisa propositadamente; pelo contrário. Você não me dá corda, não me dá esperanças, continua vivendo sua vida aí e eu aqui, quase sem contato, quase nem sabendo da existência um do outro. Só que o problema é você. Você é apaixonante. Você não precisa fazer nada, só existir. Seu sorriso, seu jeito, suas piadas sem a menor graça, seu gosto musical peculiar, sua voz. Eu lembro dessa última vez que te vi. Estava nervosa, fui tomar um banho, já tinha fumado uns 100 cigarros, coloquei uma música (queria colocar alguma coisa neutra pra você não achar que eu estava escutando algo por sua causa). Saí do banho e quando estava me arrumando eu ouvi sua voz. Não escutei uma palavra do que você disse, mas só a sua voz anunciando a sua presença ali, no quarto ao lado, me fez tremer por dentro. Eu sorria pro espelho pela constatação da saudade que eu estava de você. Eu sorria por dentro por te saber ali ao lado. Tanto é que prolonguei a espera pra te encontrar. Me arrumei com detalhes, maquiagem, perfume, a blusa que eu comprei só pra te ver. Cabelo perfeito, pois tinha ido ao salão mais cedo. E eu ouvi a música da sua voz e fui feliz por aquele instante. E então te vi. Foi bem estranho à princípio me reacostumar com a sua presença, mas aos poucos fui te reconhecendo e reconstruindo, com muito do antigo e um pouco do novo. E foi aí que eu fui te olhando meio de lado, meio disfarçada pela escuridão e pelo torpor da maconha, aquela tensão de momentos tão próximos mas tão distantes ao mesmo tempo. E mesmo com esse vão que criamos entre nós eu me reapaixonei por você. Você continua encantador. Seus olhos, sua pele, o decote da sua blusa de gola V, seus cabelos despenteados, sua nuca, suas mãos, seus sorrisos nervosos... Foi o pouco que consegui ver. O suficiente pra saber que eu ainda te amo. Mentira. As músicas também. Ah, as suas músicas que sempre me seduzem... Por mais esquisitas e diferentes que elas possam parecer pra todo mundo, pra mim sempre me serão familiares. São parte do conjunto que te faz você pra mim. Talvez seja o único alimento que você me dá, mesmo que sem querer. E eu prefiro acreditar que uma parte disso, por menor que seja, ainda é sem querer querendo.

"I really miss you, baby..."

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eu quero extirpar da minha vida tudo aquilo que me faz mal. O cigarro, a bebida, a comida em excesso, as madrugadas acordadas à tôa, o acordar tarde e principalmente o auto-flagelamento. E isso inclui você e tudo o que eu te atribuí de significado até então. Hoje você basicamente se resume a um masoquismo maluco pra mim. É como eu conversei hoje com uma quase desconhecida e uma grande amiga à respeito... Você se pega fazendo coisas estúpidas e sem sentido como ficar fuçando nas redes sociais pra ver se acha algum vestígio do quebra-cabeças que a vida do outro se tornou. E procurando sinais, pistas de que você, de alguma forma ou em algum momento, ainda faz parte daquele quebra-cabeças. Uma pecinha, que seja. E é tão triste isso, esse vasculhar, esse escarafunchar no lixo do presente pra ver se há um pouco da poeira do passado ainda escondida entre uma fresta qualquer... É muito triste. É o cavucar a ferida já cicatrizada pra que ao menos ela ainda doa pra nos lembrar... Principalmente quando só restaram feridas de um passado, mesmo se o seu presente nada tem a ver com essas feridas ou com feridas quaisquer (até porque ele é bom, o presente). Remexer a ampulheta do tempo, ver a areia da vida lhe escorrendo pelas mãos enquanto lágrimas silenciosas lhe rolam o rosto da memória, não o seu de verdade. Insistir pra que essas lágrimas inexistentes se tornem resistentes e existentes no mundo real. Lágrimas que não lhe cabem mais, não combinam com o que você se tornou.

sábado, 2 de abril de 2011

Quando a gente acha que passou é aí que volta tudo. E tudo é uma história já tão gasta... É uma vida já tão distante... Seu rosto cada vez mais se confunde com outros rostos nos meus sonhos. Sim, ainda sonho com você. Ainda morro de ódio de pensar em você com outras, ainda me dói pensar em você comendo desconhecidas e mais ainda, minhas amigas. Como você já fez e nem era pra eu me importar. Eu estava tão bem... Achei que tinha enterrado você. Ou engolido. Ou... sei lá. Meus progressos eram visíveis, até pra mim que custo a me ver com bons olhos. Mas eu te enterrei; não superei. Te coloquei num lugar escuro como no Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças. Mas assim como no filme era a minha cabeça tentando me enganar. Ela te colocou num lugar onde eu pudesse te achar... como achei. E a minha mente insiste em me pregar essas peças. É você de cabelo comprido, você e seus cachinhos. Eu sei que eles não existem mais há um bom tempo, mas na minha cabeça eles ainda existem sim. Existem e me fazem sofrer. Ainda. Nessas peças em que sou pega eu te procuro e você some de mim. Você diz coisas que eu gostaria de ouvir, você chora, você ainda me ama. Quando eu consigo me aproximar, você vira um boneco de pano. Quando você me magoa, somem os cachinhos, mas o rosto não é seu. Algo nele está desfigurado. Algo ainda acredita que você, que me magoa, não é você. Alguma coisa em mim associa o seu amor aos cabelos compridos. Quando você os cortou, levou pra sempre o você que eu amava, e com ele um pedaço do meu coração.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Falta um pedaço de mim.

Engraçado. Você conquista coisas que nem acreditaria conseguir, divide com os que te amam de verdade e torcem por você, está feliz como nunca... e de repente você sente que tá faltando alguma coisa. Bate um vazio. Uma saudade. É um pedaço de uma vida que ficou pra trás. Você queria que todos os pedaços estivessem ali, mas fatalmente ficam alguns. E alguns que lhe eram muito queridos. É nessas horas que você se dá conta da falta. É aí que você sente o peso das escolhas, da vida passando, do tamanho das coisas, dos sentimentos... Alguns, são para sempre. E é por isso que alguns vazios nunca serão preenchidos dentro de nós.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Sobre o crescer...

Houve um tempo em que tudo era mais fácil. Algumas pessoas eram mais loiras, outras, cabeludas, umas mudavam a cor do cabelo de quando em vez. Outras tinham moicanos, deixavam barba, usavam óculos... Algumas tinham piercings, tatuagens, alargadores de orelha... Gesso no pé, infecção na boca, 10 quilos a mais, 10 a menos... As coisas eram mais simples do que agora. Era mais tranquilo arriscar, fugir, viver... se permitir. Era um outro mundo, infantilizado, adolescentizado pra ser mais exata, onde tudo era menos complicado de viver e sentir. Só que um dia todo mundo vira adulto. Todo mundo cresce e as coisas se tornam mais complexas, pesadas e realistas. Tristes, muitas vezes. Algumas menores, como as lembranças; outras, maiores, como a saudade. Era uma época boa de se viver, mas ela acaba, assim como os sonhos, os dias, os anos. Como tudo na vida. Você passa a sua vida inteira achando que a sua felicidade está na Europa, em encontrar um príncipe perfeito como nos contos de fada, num amor impossível, na primeira vez, no baseado, numa garrafa de vodka, numa transa em uma boate, num sapato novo, num corpo perfeito, em alguém que você ama desesperadamente te salvar de uma vida vazia e sem nexo... Só que aí você cresce. E se transforma em adulto. Aí você constata que aquela porra toda não fazia sentido algum. Carnaval, uma festa, uma boate, um carro, uma paixão... Nada disso é felicidade. Nada te dá a vida que você busca. Por incrível que pareça (porque você sofre por um tempo, mas passa, mesmo você não querendo que passe), você descobre que a felicidade é tão passageira como uma brisa na praia ou uma chuva de verão. É quase o tempo de um espirro ou de um orgasmo. Ninguém vive 'happily ever after', não o tempo todo. Poucos são os que sabem que estão sendo felizes; na maioria das vezes a gente só percebe depois que passou. Mas o mais legal (tinha que ter alguma coisa nesse meio) é você perceber que tudo isso, a felicidade, não passa de uma escolha. É um beijo de bom dia, um copo d'água quando se está com sede, um bolo delicioso com cobertura, uma transa de 5 minutos, 3 orgasmos e um "eu te amo" no final, um sorriso verdadeiro, ou só a gratidão de se estar vivo, com saúde e ter tido a oportunidade de dividir sua vida com pessoas que você ama e que correspondem ao amor que você tem por elas. Arrependimentos todos teremos. Raiva, mágoa, tristeza... Passa. E se não passa, diminui. A saudade é que não passa. Mas essa já é velha companheira... nesse caso não temos poder de escolha.