quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cinco dedos fazem uma mão...

Eu hoje preciso lhe falar. Tá tudo muito entalado aqui dentro. Quase transbordando. E prefiro transbordar aos dedos, já que não posso transbordar pela boca. Eu descobri. Descobri qual é o meu problema com você. Passei tanto tempo tentando entender uma coisa tão simples... e tão triste de se constatar. O que eu queria com você era ainda ter o nosso relacionamento... mas com a cabeça que tenho hoje. Com toda maturidade e transformações pelas quais eu passei. Hoje seria a época ideal para viver com você. Eu estou pronta. Eu nunca estive tão pronta em toda a minha vida. Hoje foi minha última prova de fogo: o desapego. Eu entreguei o ouro ao bandido, mas com a segurança que eu nunca tive de que de nada adianta o bandido se o ouro não for pra ele. Se ele não pertence ao bandido, são como notas marcadas roubadas de um caixa eletrônico. Não tem valor. Ninguém aceita. De nada servem. As notas, cheias de valor, viram um monte de papel inútil. Só tem valor se retiradas de forma legal. Mas os bandidos não entendem isso. E nem eu entendia. Eu acho até que era você quem me dizia que quem tenta prender demais com as mãos acaba perdendo o que escorre entre os dedos. E foi o que aconteceu. Você me escorreu entre os dedos, como areia, como água, como o próprio amor, que não foram feitos para serem aprisionados. Eu tentei te prender com tanta força que te perdi e acho que foi pra sempre. Digo acho porque tenho medo de afirmar isso até pra mim mesma, mas acho mesmo que foi pra sempre. E é uma pena porque hoje estou pronta. Hoje entendi que é preciso não abrir demais as mãos e nem fechá-las ao extremo. É preciso cuidado, carinho, respeito, confiança e liberdade. São os cinco dedos de uma mão em concha que juntos formam o amor.

O problema todo é que só estou pronta porque você permitiu. Enquanto eu fechei com toda a força as mãos, você se cansou de mantê-las em concha e as abriu... E como um passarinho eu fui, mas não soube voltar. Quando aprendi o caminho de volta, o ninho estava vazio. Você já estava muito a frente, num lugar onde eu não poderia mais te achar. Mas eu só consegui enxergar tudo isso porque você teve a bravura de me deixar. Mesmo me amando demais. Isso sim era amor. E até então eu não sabia amar. Foi você quem me ensinou. Desse jeito estranho, mas foi você.

Eu entendi. Eu estou pronta. Mais uma vez, você tinha razão. "De dentro pra fora", como você sempre diz. Tem que ser de dentro pra fora mesmo. E foi. Só foi tarde...

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