sábado, 31 de outubro de 2015

Das coisas que resolvemos colocar em sacrifício por um bem maior

Tenho vivido dias estranhos aqui na floresta. Desde que havia me decidido por lhe substituir por um outro você que entrou numa máquina do tempo e me apareceu 10 anos mais novo, eu andava mesmo certa de que havia te esquecido. Auto-engano. Capricorniano osso duro de roer, mas com um maldito ascendente em leão pra poder eu realmente me lembrar de onde vem aquela aparição, aquela repetição freudiana a me perseguir. "O problema não é tropeçar, é apegar-se à pedra." E foi por apego à pedra que eu encontrei outro menino com nome de anjo. Enquanto eu vivia aí na civilização tava tudo ok. Se dependesse de mim estaria caminhando pra mais uma tragédia anunciada. A mesma de sempre, é claro, só que agora com óculos e um pouquinho menos de estilo. A merda foi eu ter voltado pra cá, pro isolamento, tão longe. Eu percebo que me apeguei de uma certa forma à pedra, mas também vejo que o apego só se deu porque eu vi uma pedra igual a você.

Ouvi uma música do Placebo hoje e deixei no repeat em loop enquanto via umas fotos suas antes de tomar banho. Aquela música reverberou esse sentimento adormecido e eu quis escutar ela muitas vezes pra sofrer mais. Escutei algumas e em todas as vezes eu me perguntei o que estou fazendo com a minha vida. Como ouso te esquecer? Como posso permitir que venha alguém e simplesmente se aproprie do seu lugar na sua ausência? E hoje eu percebi que isso não corresponde à verdade. Eu posso ter chegado a ele por sua causa, mas ele tb tem um espaço que é só dele. E o seu permanecerá para sempre intocado.

Ps: eu resolvi escrever isso antes de me anestesiar por completo e de me afastar do que eu me tornei depois que eu perdi você. Tenho medo de que, no meio de tantas mudanças eu acabe lhe deixando pra trás por algum motivo. Eu vou entrar num sono tranquilo, previsível e bastante produtivo. Vamos ver no que dá.

E sim, eu ainda te amo.

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