segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vento

Venta por cá, como há muito não ventava. Ventam palavras nos meus ouvidos que correm pros meus dedos e viram letras numa tela de computador. Ventam sentimentos velhos disfarçados de novos, velhas manias com uma roupagem madura, querendo serem próprias dos meus 28 anos que se aproximam. Venta e, por incrível que pareça sinto, ao mesmo tempo, frio e um abafamento. Uma urgência toma conta do meu ser inerte, já tão acolhido nesse estado próprio de ficar simplesmente... parado. Uma urgência de correr com esse vento, de correr como ele assim livre, solto, fluido... Correr... Ventar... Fugir? Não. Seria mais... enfrentar. Ganhar a força de uma ventania, um vendaval. Um furacão que faça tudo se mover mas sem sair do lugar. Uma brisa transformadora, transcendente. Transcender... Talvez seja esse o verbo. É sim. É.

Transpor toda a mágoa, o ranço, o fel, o amargo e o fétido da vida pra buscar perfume, glória, bênção. De quem? Pra que? Da própria vida. Buscar uma vida. Viver uma vida que seja a minha, tomar as rédeas de algo que vive à deriva há anos, desde não sei quando... Desde sempre.

Acho que vai chover.

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