segunda-feira, 7 de junho de 2010

Escrevo pra mim. Foi-se a ilusão de que escrevia por você, ou por alguém. É por mim que escrevo.
Escrevo pra afastar a solidão, escrevo pra me sentir mais próxima - de ti ou de quem está longe, como estás-, escrevo. Escrevo por não haver outro modo, por não haver música ou filme que me aproximem de quem ou o que sinto falta. Escrevo.
Palavra feia, como todas as outras que aqui estão escritas, ou não... Escrevo. Como um pássaro sem rumo, paloma negra que sempre fui (Marcelo. Obrigada mais uma vez por me descrever. E escrever. Mesmo que não seja eu. Mesmo que seja você ou a solidão.). Escrevo...
Deixo reticências, para que elas mesmas se preencham com o vazio de sua falta ou da falta que quero que haja por você não estar aqui. Escrevo melhor bêbada, ou semi-bêbada, que seja, melhor que sóbria nas minhas mentiras e verdades. Melhor que na minha realidade.
Nas palavras sou mais bonita, sou maior e mais rica. Mais densa, profunda, que na vida. Sou o que há de melhor, assim como você, ateu, incrédulo, mesmo depois de tanta fé. Mesmo depois de tanta vida há a morte. Minha, sua, eterna e vazia. Que as palavras preenchem e eternizam.
Há o buraco que quero preencher. E só me restam as palavras agora. Now.
De você, só me resta o que eu quero e o que eu sei, mesmo que não saiba nada... Mesmo que só saiba o que sinto. Mesmo que você não saiba e não viva o que eu considero vida. Você vive. Assim como eu. Assim como as palavras. Vivemos uma vida que não é nossa. Vivemos uma realidade que não é a que sonhamos nem quisemos; somente uma realidade de vida vivida vazia. Mesmo que ela esteja preenchida de coisas, nomes, sons, amores, vergonhas, passos, tropeços. Esta não é a nossa vida. E nunca vai ser. Sem perguntas dessa vez, somente respostas. Afirmações. E reticências, como sempre. Esquivas. Esquinas. Um grito de um pássaro. Uma noite perdida, outra ganha. Nada em vão, tudo em nada. Uma vida vivida, outra vida. Outro dia. Outra morte. E escrevo.

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