domingo, 13 de junho de 2010

Fico me perguntando o que acontece comigo quando eu me vejo reabrindo as feridas já cicatrizadas que você deixou no meu coração. Elas começam a fechar, pelo lado de fora aparentemente são só cicatrizes, mas parece que faço questão de, periodicamente, rasgá-las novamente. Talvez pela dor que me causam; talvez porque a dor me aproxima de você. Talvez - na verdade, muito provavelmente - seja o jeito que eu arrumei de não me esquecer de você e do que você significa pra mim. Agora eu me pergunto o que é que me prende à você além das lembranças... Porque eu não tenho mais nada. Nada mais que seja nosso a não ser isso: lembranças. E dói esquecer. Dói você acordar depois de um sonho em que você confunde rostos porque a memória já lhe falha. É dolorido você tentar refazer alguns detalhes de pequenas coisas - pequenas preciosidades - vividas, que você queria guardar no lugar mais querido e especial do seu coração e de repente já não se recordar mais de alguns deles. Ver as lembranças se esvaindo a cada dia, como areia numa ampulheta, te consome aos poucos, por mais que seja melhor assim pra continuar vivendo. Dói ir te substituindo por melhores coisas, mesmo que elas nem sejam na verdade melhores, porque no fundo, por pior que fosse o sofrimento que você teve um dia, você achou que aquelas seriam suas melhores lembranças. Mais do que isso: você quis, como nunca, que aquelas fossem suas melhores lembranças. Você quis insuportavelmente que aquilo fosse o melhor que você já viveu, sentiu... Você acreditou que aquilo seria único, especial e eterno. E é essa a constatação que dói mais. A do fim. E esquecer é um pouco isso. É se aproximar do fim, involuntariamente. E mesmo doendo, já dói menos. E talvez seja pior do que quando doía mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário