O triste de tudo é isso. Nós dois, tão íntimos quanto dois estranhos. Quase que como dois alienígenas de planetas diferentes. Eu ávida por saber notícias suas, por qualquer coisa que me aproxime de você. E você, quanto mais perto, mais frio. Nem parece que dividimos tantas vezes a mesma cama. As mesmas roupas. Até a mesma escova de dente. Não há intimidade maior do que essa, a da escova. Eu nunca havia feito isso na minha vida. Acho que foi a maior entrega que eu pude fazer a alguém. Olhando pra trás e pensando na escova de dente, eu te amei pra caralho. Eu fiz sua barba, eu te sujei do meu sangue, eu lavei sua cabeça, eu te segurei vomitando, eu limpei o seu vômito, eu rezei com você, eu cantei pra você. Eu usei a sua escova de dente e usei porque você me ofereceu, com a maior naturalidade do mundo, como se não fosse nada... E foi a coisa mais linda que alguém já me ofereceu. E a coisa mais linda que eu já aceitei de alguém.
É. Pensando bem, você também me amou pra caralho. Nos amamos imensamente. É uma pena que parece, hoje, que do amor não sobrou nada.
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